As Olimpíadas e o mercado de trabalho – Lições para aprender

Esporte

Li uma matéria que achei bastante interessante e decidi compartilhar com você.

É sobre uma reflexão relacionando os atributos que as corporações sempre buscam nas contratações e promoções dos seus colaboradores X competições esportivas.

Inicialmente, para uma contratação ou promoção, se pensa nas habilidades técnicas, cursos capacitadores e por aí vai. Mas olhando a base do iceberg, aquela parte maior que fica embaixo d’água e não é visível, chega-se nas habilidades comportamentais e então veio uma lista, de 9 atributos essenciais para o profissional se destacar em diversas atuações. Olhando para eles e pensando no quanto o esporte é inspirador e ao mesmo tempo faz parte de nossas vidas, é possível pensar em vários momentos do esporte onde atletas e equipes apresentaram estes atributos listados.

Nesta análise, vamos focar nas Olimpíadas e suas lições. Qual a ligação entre os momentos olímpicos e os principais atributos dos profissionais mais procurados pelas empresas? Talvez alguns exemplos consigam nos fazer enxergar melhor:

Liderança: Ser líder é algo que em grande parte se aprende e as organizações mais eficientes tentam moldar colaboradores proativos e dinâmicos. Eles buscam nos líderes a capacidade de criar suas próprias equipes vencedoras * Kobe Bryant – Pequim 2008 – Nos Jogos Olímpicos de 2004, o mundo viu incrédulo a Argentina eliminar o Dream Team americano de basquetebol. Já em 2008, Kobe Bryant, tricampeão da NBA e jogador mais valioso do planeta, tinha uma motivação ainda maior: liderar sua equipe e colocar seu país de volta ao topo. Determinado, atrasou uma cirurgia de ligamento rompido no dedo e, segundo a imprensa da época, “montou” seu próprio Dream Team. Durante os Jogos, Kobe foi sempre o 1º jogador a descer do ônibus para os treinamentos. Mesmo numa equipe de tantas estrelas, ele foi o líder daquela recuperação. Conseguiu levar os EUA de volta ao lugar mais alto do pódio.

Resiliência: Os resilientes estão entre os mais aplaudidos nas corporações. Eles veem os problemas de uma forma otimista e não encaram os obstáculos como algo intransponível * Vanderlei Cordeiro de Lima – Atenas 2004 – Teve uma vida difícil quando criança, trabalhava no plantio e colheita de cana-de-açúcar e café para ajudar a sua família. Embora seu sonho fosse ser jogador de futebol, acabou chamando a atenção de um treinador de atletismo que decidiu investir no seu treinamento. Após vários resultados positivos como maratonista, o principal capítulo de sua vida e que o alçou à categoria de herói nacional foi conquistado nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Na altura dos 35 km de prova, Vanderlei foi atacado pelo ex-padre irlandês, Cornelius Horan, que o jogou para fora da pista. Restavam apenas 7km para a chegada. O ataque quebrou sua concentração, mas ele não se entregou e, resiliente, voltou a correr após ser ajudado por alguns espectadores. Manteve a liderança, mas acabou sendo ultrapassado por dois atletas, o que não o impediu de entrar no Estádio Olímpico fazendo o famoso “aviãozinho” para comemorar a medalha olímpica de bronze.  Mesmo tendo perdido o ouro, sua nobre atitude garantiu outra medalha do Comitê Olímpico Internacional: a Pierre de Coubertin, enaltecendo o seu grau de esportividade e espírito olímpico.

Controle da sua carreira: As pessoas de sucesso são aquelas que estão no controle de suas carreiras. Forças externas podem ditar o seu potencial, mas este controle mantém a rota determinada, mantendo a calma e executando bem as suas tarefas durante períodos de estresse elevado * Michael Phelps – Pequim 2008 – Maior nadador de todos os tempos, o astro americano Michael Phelps, treinou 365 dias por ano por praticamente toda a sua carreira. No entanto, há um episódio que demonstrou o quanto o atleta estava preparado para lidar com as dificuldades e superar qualquer adversidade, mantendo o controle de sua carreira em suas mãos. Em 2008, nas Olimpíadas de Pequim, ao saltar na piscina para competir, seus óculos se encheram de água nos primeiros 25m da prova 200m borboleta. Ainda havia 175m pela frente. Phelps só conseguiu terminar a prova porque também havia treinado muito para situações como essa e conseguiu manter a calma e focar no que precisava. Não só venceu a disputa, como bateu o recorde mundial, que já era dele.

Capacidade de adaptação: Se adaptar bem às mudanças no ambiente de trabalho é um atributo muito importante no mundo corporativo. Enquanto muitas pessoas gostam de seguir rotinas e padrões, outras entendem que a mudança é um aspecto vital para a sobrevivência profissional, pois sempre acontecerão situações em que a mudança é essencial para o sucesso * Rebecca Romero – Atenas 2004 e Pequim 2008 – Rebecca começou a praticar remo aos 18 anos e mesmo assim conquistou resultados incríveis: Prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004 e campeã mundial em 2005. No entanto, após sofrer uma lesão na coluna que limitou os seus movimentos de membros superiores, ela resolveu abandonar o remo e começou a praticar o ciclismo. Apenas cinco meses depois de um processo de adaptação e treinamento intenso, Rebecca participou da sua primeira grande competição e se tornou campeã britânica. Finalmente nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, conquistou a sonhada medalha de ouro. Isso a tornou a primeira mulher na história a receber medalha em dois esportes olímpicos de verão diferentes.

Criatividade: A inovação é constante e formular novas maneiras e formatos para a realização de antigas tarefas e processos é muito importante dentro das empresas e deve ser uma condição constante em nossas vidas * Martine Grael e Kahena Kunze – Rio 2016 – Chegaram à última regata dos Jogos Rio 2016 empatadas com mais 3 duplas. Nesta regata a pontuação era dobrada e quem chegasse em primeiro ficaria com o ouro. Em um determinado momento da regata, as brasileiras, que sempre estiveram entre as três primeiras colocadas, praticamente haviam garantido a medalha de prata, mas não se deram por satisfeitas e correram atrás do ouro. Após passagem pela penúltima marca, Martine e Kahena apareciam na terceira colocação, 13 segundos atrás das primeiras colocadas. A solução foi mudar a estratégia para tentar tirar a diferença na reta final. Com leitura perfeita do vento, as brasileiras escolheram um caminho diferente das outras duplas, e a 500m da chegada, Martine e Kahena assumiram o primeiro lugar e cruzaram a linha de chegada apenas dois segundos à frente do barco da Nova Zelândia, garantindo um dos “ouros” mais emocionantes dos Jogos Rio-2016.

Competência: Profissionais que conseguem cumprir suas tarefas sem necessitar de uma supervisão direta são prioridade nos dias de hoje para os gestores super atarefados * Usain Bolt – Pequim 2008 / Londres 2012 / Rio 2016 – Usain Bolt é um atleta jamaicano considerado o maior velocista de todos os tempos. Foi tricampeão Olímpico e Mundial. Também possui o recorde mundial nos 100 e 200 metros rasos e no revezamento 4 x 100 metros. Ele começou a competir no atletismo aos 14 anos, em campeonatos regionais. Aos 15 anos conquistou sua primeira medalha de ouro e duas de prata no Campeonato Mundial de Atletismo Júnior. Estabeleceu vários recordes mundiais consecutivos e suas conquistas nas pistas lhe valeram o apelido de “raio” (lightning Bolt). Em 2015, Usain Bolt participou de seu sexto Campeonato Mundial de Atletismo, somando um total geral de 11 medalhas de ouro, tornando-se o maior campeão de atletismo de todos os tempos. E para concluir sua brilhante carreira, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, Bolt venceu todas as provas que disputou: foi medalha de ouro nos 100m, 200m e no revezamento 4x100m.

Paixão: A motivação com os ganhos financeiros e benefícios oferecidos pelas empresas é algo básico em nossas vidas. Além disso, os profissionais que demonstram que gostam do que fazem e apreciam o trabalho estão no alvo das corporações. Sem paixão, os funcionários vão utilizar apenas uma fração de sua inteligência, uma pequena porcentagem de seu potencial e acabam apresentando um alto nível de estresse * Equipe Jamaicana de Bobsled – Jogos Olímpicos de Inverno Calgary 1988 – A equipe masculina de bobsled da Jamaica entrou para a história ao conseguir a inédita classificação para os Jogos Olímpicos de Inverno. A história desses atletas inspirou o clássico dos cinemas “Jamaica abaixo de zero”, lançado em 1993. No verão de 1987, George Fitch e William Maloney, tiveram a ideia de criar uma equipe olímpica de trenó na Jamaica, por acreditar que um país com grandes velocistas poderia produzir uma grande equipe de trenós. Encontraram os atletas na Força de Defesa da Jamaica. Devon Harris, capitão do Exército e ex-corredor, Dudley Stokes, piloto de helicóptero, Michael White, operador de rádio e Caswell Allen, engenheiro. O desafio maior era a falta de dinheiro. Na Áustria chegaram a vender camisetas no estacionamento da pista de trenós para comer naquela noite. A receptividade das demais equipes nos Jogos foi muito positiva, providenciando, inclusive, um trenó reserva para a equipe jamaicana. No entanto, o desfecho foi semelhante ao do filme: por um erro do piloto, os jamaicanos realmente bateram e foram caminhando até a linha de chegada.

Fair play: É um termo que significa jogo justo, jogar limpo, ter espírito esportivo. Possui o sentido de lealdade e boa conduta. Ser íntegro permeia todas as outras qualidades listadas. Para ter sucesso, o profissional precisa ter uma cultura baseada na honestidade e fazer o que é melhor para o todo * Lawrence Lemieux – Seul 1988 – O iatista Lemieux estava em segundo lugar quando abandonou temporariamente a prova em que competia na classe Finn para socorrer os velejadores Joseph Chan e Siew Shaw, de Cingapura, que haviam caído ao mar após o vento virar a embarcação da dupla. Os dois velejadores estavam feridos, um deles à deriva no mar. Neste momento, Lemieux se encontrava no segundo lugar geral, com grandes possibilidades de medalha. Ele viu o acidente e desviou sua rota para ajudar os atletas, retirando-os da água. Só após a chegada do socorro, Lawrence voltou à prova, mas chegou apenas em 22° lugar. Após a perda da medalha, Lemieux foi agraciado com a medalha Pierre de Coubertin, distinção oferecida a pouquíssimos atletas com o intuito de valorizar os esportistas que, durante as competições, aplicam os ideais do olimpismo em uma situação inusitada ou adversa.

Poder de decisão: Funcionários capazes de tomar decisões difíceis são as pessoas que podem com rapidez e eficiência analisar as melhores opções, os resultados potenciais e as armadilhas de uma situação. A indecisão pode impedir o alcance do resultado desejado * Shaun White – classificatória para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeong Chang, Coréia do Sul 2018. Atleta de skate e snowboard mais conhecido do mundo, Shaun já era uma das maiores estrelas americanas do esporte. Já bicampeão olímpico, em janeiro de 2018 Shaun estava preparado para disputar a última seletiva americana para os Jogos Olímpicos de Inverno. Eram 3 tentativas: na 1ª Shaun estava tão entusiasmado que cometeu um erro logo na primeira manobra. Na segunda tentativa, Shaun ia bem, mas errou a última manobra e ainda não conseguiu a classificação. Antes da 3ª e última tentativa, Shaun e seu treinador conversaram brevemente sobre quais deveriam ser a primeira e segunda manobras, mas não chegaram a decidir sobre a terceira por falta de tempo. Na primeira manobra, Shaun fez o combinado e foi tudo perfeito, na segunda manobra tudo perfeito também. Mas na 3ª Shaun se lembrou de que não haviam combinado o que fazer e precisava decidir em segundos seu destino, se valia arriscar as duas manobras perfeitas ou se era melhor fazer o básico e garantir a classificação. Shaun decidiu que ele tinha que ser quem era e arriscou tudo em uma última manobra inédita. Resultado: pontuação perfeita! O segundo atleta da história a receber uma nota 100 que lhe garantiu a classificação com louvor.

 

Resumo:

Sempre, em qualquer momento, o esporte consegue nos mostrar os caminhos para seguirmos em nossas vidas profissionais e pessoais…Fica a dica.

Marcelo Palaia, especialista em marketing esportivo e professor na área pela ESPM

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