Corrida de aventura, entrevista Marco Rossini Amsalem, que participou da ECO-CHALLENGE FIJI.

ef1ff91e-9780-473e-96e6-d67dde8a40ff

A Amazon Prime Video lançou no dia 14 de agosto de 2020 a WORLD’S TOUGHEST RACE: ECO-CHALLENGE FIJI, série que acompanha 66 equipes em uma travessia dificílima na ilha de Fiji. Participaram duas equipes representando o Brasil, uma delas com Marco Rossini Menichelli Amsalem, brasileiro de 35 anos com maior número de vitórias no circuito mundial de corrida de aventura, com 10 primeiros lugares.
Formado em desenho industrial, Marco mora há 10 anos em San Diego, Califórnia, onde montou a primeira fábrica de paçoca nos Estados Unidos e hoje participa da equipe Vidaraid Adventure, www.teamvidaraid.com. Motivado pela paixão que despertou pela modalidade há 10 anos atrás, Rossini conta como é ser um atleta de corrida de aventura, os “perrengues”, conquistas e a experiência de ter participado da série da Amazon Prime Video.

O que motivou você a participar e se tornar atleta de corrida de aventura?
Corrida de aventura ou você gosta ou você não gosta. Quem faz e gosta não para mais. Fiz a primeira há mais de 10 anos e nunca mais parei. Me envolvi cada vez mais e me encantei com a complexidade desse esporte.

Qual sua função na equipe?
Minha função é servir a equipe. Carrego peso, cuido dos meus companheiros, procuro sempre pensar como podemos progredir mais rápido e estou sempre atento no planejamento de cada prova.

Há quanto tempo realiza corridas de aventura?
Acho que minha primeira foi em 2007, se não me engano.

Conte para nós um pouco da sua trajetória no esporte. Como começou? Quais os principais feitos?
Apenas em 2010, quando mudei para Califórnia que comecei a levar os treinos mais a sérios. Antes eu também me dedicava, mas ainda era uma coisa amadora. Nos Estados Unidos eu acabei juntando com um time forte e que 1 ano depois já começamos a ganhar provas do circuito mundial. Em 2013 entrei para equipe que eu estou até hoje que chama Vidaraid Adventure. Meus companheiros de equipe sempre foram 2 espanhóis e uma brasileira chamada Barbara Bomfim. Juntos conseguimos ser vice-campeões do mundial de Aventura em 2013 e 2014, terceiro lugar no mundial de 2016 e inúmeras vitorias no circuito mundial. Atualmente sou o brasileiro com mais vitorias no circuito mundial com 10 primeiros lugares, mas como apenas um participante não pode ir para o Eco Challenge em Fiji, chamei outros dois brasileiros para fazer parte da nossa equipe.

Como foi participar da prova de Fiji? Principais desafios? Pensou em desistir? Conte a história da prova e da série da Amazon.
O primeiro desafio foi montar a equipe. Nosso companheiro de equipe Jon Ander não pôde vir para essa prova e a Barbara já não segue mais com a gente pois está com filho pequeno e tem outras prioridades profissionais no momento. Chamamos então Gui e Cami, um casal brasileiro que também possuem grande experiência no esporte. Conhecemos eles de várias provas, inclusive já correram com nossa equipe algumas vezes. A prova em si foi bem dura, mas a forma como ela se desenvolve é bem diference do circuito mundial. No circuito mundial você recebe as informações de todas as etapas antes de largar. Geralmente você tem um dia para se planejar e arrumar seus equipamentos que vão ficar em caixas de suprimentos que você encontra ao longo da prova. No Eco Challenge não sabíamos de nada, então não dava para planejar qualquer coisa. Ao total tivemos que “pagar” 21 horas parado. Toda equipe era obrigada a pagar 90 minutos em cada camp mais 15 horas dividida em blocos de 3 horas, que podiam ser pagas em qualquer Checkpoint.  Isso não favoreceu muito a nossa equipe que se destaca bastante por avançar por mais de 2 dias sem parar. Como a gente era obrigado a pagar horas, decidimos gastar logo 3 horas na primeira noite pois eu havia passado mal e pensamos que a melhor estratégia era gastar 3 horas e descansar do que diminuir o nosso ritmo. Isso acarretou várias situações que não podíamos prever. Desde a maré contra, para subir o rio de Standup Paddle, até a tempestade que pegamos e não conseguimos mais avançar, pois a corrida foi suspensa e ali perdemos a chance de encostar nos times líderes que já haviam passado daquele camp. 
Tirando essa parte de falta de informação, tivemos uma prova legal. Nos perdemos umas quatro ou cinco horas em uma etapa de Stand-up mais para o final da prova que havia que sair do rio e tivemos um problema na última bike, mas que felizmente demos um jeito e não perdemos colocação. A última etapa de canoa foi bem emocionante, porque pegamos um mar muito bravo e por muito pouco não fomos levados pela corrente para alto mar. Era vento contra e ondas grandes que vinham de lado. Ficamos um pouco em pânico, mas conseguimos seguir até uma ilha para buscar abrigo.

Você vive de corrida de aventura?
Infelizmente não. CA é um esporte caro e um esporte ainda é muito novo. Tudo o que mais queria era poder viver da Corrida de Aventura.

Como é viver como um atleta de corrida de aventura?
Corrida de Aventura virou um estilo de vida para mim. Sempre amei fazer esporte e na corrida de aventura você tem que fazer vários esportes. Não adianta você ser bom em uma coisa. Tem que conseguir fazer de tudo um pouco. Além da atividade física a CA te leva a conhecer lugares que você nunca iria passar se não estivesse competindo.

O que você aconselha para quem quer se tornar um atleta de aventura?
Aconselho seguir um estilo de vida saudável, praticar a principais atividades envolvidas que são corrida, bike e remo e aprender técnicas de escalada e corda. Parece difícil, mas qualquer cidade no Brasil deve ter uma academia com paredes de escalada que você pode aprender coisas básica de escalada. Existem também diversas assessorias esportivas de aventura pelo Brasil. Hoje em dia, com social mídia, é bem fácil de achar quem pode instruir as pessoas no esporte.

Quais são os próximos objetivos?
Nossa equipe vai se inscrever novamente para o Eco Challenge agora com formação Original, vamos representar a Espanha, mas ainda temos que passar pela seleção. Em 2021 temos também 3 provas do circuito mundial no nosso calendário. Uma em Oregon, outra no Paraguai e o mundial na Espanha.  A prova do Paraguai é uma ótima oportunidade para quem quer correr uma expedição de verdade como Eco Challenge e fica pertinho do Brasil. Essa prova é muito bem organizada, acessível e também possui opções de categoria para Amadores.

As empresas estão abertas para investir em patrocínio de corrida de aventura? como funciona isso no Estados Unidos e você vê diferença de investimento e profissionalismo com o Brasil.
A Corrida de Aventura sempre foi muito difícil de atrair patrocinadores porque a exposição ao público é muito baixa. Não existem espectadores. No entanto, agora que o esporte viralizou na TV podem aparecer novas oportunidades. Por ter trabalhado com vídeo já levo uma GOpro e acabo pedindo um pouco de material para a organização da prova para poder editar um vídeo da nossa prova. Foi uma forma que eu achei de atrair patrocinadores e retribuir o apoio deles. Mas praticamente todo patrocínio que conseguimos são em equipamentos, muito raro conseguir patrocínio em dinheiro, pelo menos até agora.
Nos Estados Unidos a cultura de patrocínio e de esporte em geral é muito maior que no Brasil. O atleta nos EUA é valorizado. Sempre fui capaz de atrair patrocinadores para ceder equipamento. Mas também existe um comprometimento para não só atender a expectativas dos patrocinadores, mas tentar superá-las e assim estabelecer uma relação de longo prazo.

Dentro desse mercado, vendo o antes e durante a pandemia, como você imagina o amanhã?
A pandemia realmente afetou tudo. Todos as competições foram canceladas. Quando as coisas começarem a retomar, acredito que a corrida de aventura pode ser uma das primeiras provas a voltar com tudo pois não existe aglomeração. Você geralmente compete em lugares remotos, ao ar livre e longe da civilização.

Qual a mensagem que você deixa para quem quer trabalhar com esporte e na corrida de aventura?
Corrida de Aventura é um esporte que vai muito além da atividade física. Apesar de ser um esporte complexo que envolve diversos fatores ela te trás muito autoconhecimento.  A mensagem que eu sempre gosto de passar para frente e para as pessoas, não limitarem o que são capazes de fazer. Muita gente fala que isso seria impossível sem nem mesmo tentar. Na vida nada se conquista pelo caminho mais fácil. Saia da sua zona de conforto e surpreenda até onde você pode chegar.

Notícias relacionadas

Deixe um comentário

cadastre seu currículo e faça
da sua paixão a sua carreira

×