DIA INTERNACIONAL DO IDOSO. Cristiane Peixoto conta quais são os desafios e qualidades para atuar com esse público.

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O profissional de Educação Física é portador da grande oportunidade de mudar a vida dos idosos, conviver com eles e ensinar o que muitos nunca aprenderam durante a vida.

Cristiane Peixoto

Entrevistamos Cristiane Peixoto, formada há 20 anos em Educação Física, mestre em envelhecimento e doutoranda em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP. Idealizadora do Método Águia, escreveu dois livros “Nas Asas da Águia” e “A Porta Secreta do Amor” com o terceiro a caminho “Feito Borboletas”. Cristiane nos conta como foi sua trajetória na educação física e atuação nas atividades para o envelhecimento saudável.
Já no último ano de formação Cristiane iniciou os estudos e trabalho com idosos, em 2012 desenvolveu o método Águia e hoje atua principalmente com projetos sociais envolvendo milhares de idosos. Como supervisora técnica do Projeto Viver Melhor do Instituto Família Barrichello e como líder do programa Platinum da Companhia Athletica – Unidade Anália Franco em São Paulo, ela nos mostra os desafios e quanto gratificante é atuar com idosos.

Acredito que em breve teremos uma Educação Física muito mais respeitada, com cada vez menos espaço para amadores. O cenário atual é favorável para nossa área, já que nunca foi tão claro o valor da saúde e o papel do estilo de vida saudável e ativo.

Cristiane Peixoto

Por que escolheu trabalhar com o público idoso?
C.P. Desde meu primeiro contato com idosos ainda na graduação, fiquei encantada com as possibilidades de promover a saúde e prevenir doenças nesta população. A vida das pessoas pode seguir um curso completamente diferente quando envelhecem de forma ativa. Esta missão se apoderou de mim e hoje não me vejo fazendo outra coisa.

O que é atividade física para idosos na sua visão?
C.P. Atividade física é o meio pelo qual idosos podem melhorar muito sua qualidade de vida. Uma pessoa ativa fisicamente vai preservar funções físicas e mentais que são vitais para que se possa realizar tudo o que se deseja.

Como funciona a metodologia Águia? Qual a história e quanto tempo dedicou a esse projeto?
C.P. Vejo o método Águia como uma faculdade de saúde para idosos, baseada em conhecimento, exercícios físicos e cognitivos. Tem o objetivo de promover a saúde e prevenir doenças entre os idosos, podendo contribuir com a saúde pública do país. Começou com um desejo de levar os benefícios da minha atuação, que era restrito a um pequeno grupo de senhoras em uma academia de elite, à população que necessita de um trabalho seguro e eficaz para impactar sua saúde.
Sei que são 21 anos de estudo e empenho, mas não consigo fazer uma medida aproximada de tempo de dedicação, pois vejo que fiz deste trabalho minha grande razão de existir.  

Qual o papel do profissional de educação física na atividade para o idoso, quais as principais qualidades? Desafios?
C.P. O profissional de Educação Física é portador da grande oportunidade de mudar a vida dos idosos, conviver com eles e ensinar o que muitos nunca aprenderam durante a vida. É fundamental que se goste verdadeiramente deste público, que se estude com profundidade, pois o indivíduo idoso traz inúmeros desafios para que o profissional administre e para tanto é necessário muito conhecimento e dedicação.

O que é necessário para se tornar um profissional de educação física referência no mercado e na área que atua?
C.P. A primeira coisa é descobrir sua paixão, algo que te prenda e te mova para frente, independente dos invernos que venha a enfrentar. Em seguida, é preciso dedicação e disciplina para fazer o melhor, e ao se empenhar para fazer o melhor, é quase impossível não se destacar. Ser referência é uma ilusão que virá com o tempo para os profissionais que atinjam sua excelência.

Quais os mercados de atuação podem ser importantes na formação do profissional?
C.P. Hoje o profissional precisa se assegurar de que ele estude e pratique conceitos relacionados ao empreendedorismo, gestão, marketing e administração financeira, além da área técnica escolhida. Não que seja necessário fazer tudo ou saber tudo, mas é essencial saber do que precisa ser aprimorado e quais os especialistas precisam ser agregados em sua empresa, mesmo que a “VOCÊ S.A”.

Quais os maiores desafios ou dificuldades que a profissão enfrenta?
C.P. Enxergo nossa profissão sofrendo consequências de uma visão estereotipada do professor que não estuda, que não sabe o que quer, que não traz um verdadeiro valor à sociedade. A força dos profissionais verdadeiros de nossa área está cada vez mais explicitada, e acredito que em breve teremos uma Educação Física muito mais respeitada, com cada vez menos espaço para amadores. O cenário atual é favorável para nossa área, já que nunca foi tão claro o valor da saúde e o papel do estilo de vida saudável e ativo.

O que você pode dizer sobre retorno financeiro de quem atua nessa área?
C.P. O retorno financeiro sempre vai ser relacionado à percepção do valor agregado ao serviço prestado. A postura do profissional especialista é sempre acima da média dos generalistas, e é fácil destacar o valor dessa atuação, por consequência, ter um retorno maior. Vejo muitos profissionais ampliando suas horas de trabalho com pouco retorno em cada uma, enquanto outros aumentam seu preço e dedicam tempo para estudo e planejamento. É preciso sair dessa roda dos ratos para sair de uma situação para entrar em outra. Não tem outro caminho.

Qual o seu recado para aqueles que tem interesse em trabalhar com idosos?
C.P. Entre em contato com idosos através de algum profissional que já atua com este público, assista aulas, acompanhe treinamentos, converse com os idosos. Tenha a certeza de que você gosta mesmo dessa área. Em seguida, ESTUDE! Ser responsável por um organismo e um aparelho locomotor envelhecidos é inimaginável. O conhecimento da graduação nunca é o bastante. É preciso estudar sempre. O conhecimento vai te trazer o resultado desejado.

Qual seu objetivo no trabalho com os idosos?
C.P. Meu objetivo é fazer com que, um dia, idosos do mundo inteiro sejam mais ativos e saudáveis, porque alguma águia os ensinou a voar!

Como você vê a atividade física para os idosos após o período da COVID-19?
C.P. O período da pandemia de Covid-19 será um marco histórico para mim e para nossa área junto aos idosos. Vejo como uma grande oportunidade de reduzir o sedentarismo entre eles e aumentar a presença digital, com atividades remotas e online.

A juventude é a época de se estudar a sabedoria; a velhice é a época de a praticar.

Jean-Jacques Rosseau

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