Não tem como deixar de incluir os impactos da pandemia nas tendências para o futuro, e pelo que tudo indica, o home office veio, mesmo que de maneira forçada, para ficar, o que significa que irá continuar após volta à normalidade.
De uma certa maneira, toda a crise que estamos passando acelerou muitas mudanças organizacionais que já eram esperadas, mas ainda não tinham acontecido.
Pesquisas demonstram que a maioria das empresas irá manter o home office, provavelmente no modelo híbrido, ou seja, alternando dias de trabalho remoto com presencial. Uma coisa é certa, o novo normal tende a ser diferente após toda experiência que estamos vivendo.
Essa nova experiência tem trazido vantagens e desvantagens tanto para os profissionais quanto para as empresas. Portanto, é importante que sejam estabelecidos parâmetros para mensuração dos resultados e da satisfação de todos e para se definir como será melhor no futuro, sabendo que para diferentes empresas e diferentes profissões serão encontrados diferentes resultados.
Vejamos, quais as vantagens do home office para a maioria dos profissionais?
- Ganho de produtividade, considerando o tempo que não se gasta com deslocamento e junto com isso poupa os profissionais do estresse do trânsito;
- Poder estar mais próximo da família e ter mais tempo para se dedicar a vida pessoal;
- Fazer as refeições em casa de forma mais saudável e no momento que achar mais conveniente;
- Geralmente as rotinas remotas são organizadas com mais motivação e isso costuma acontecer porque as pessoas passam a ter também mais liberdade e independência nas tomadas de decisões. Isso gera um trabalho mais focado e é possível desenvolver mais projetos em menos tempo;
- Flexibilidade de horário, o foco no trabalho remoto são as tarefas e não o horário;
- Aumento da qualidade de vida, impactando positivamente no trabalho.
É importante lembrar que para obter bons resultados, o trabalhador deve ter um ambiente próprio e adequado para focar no trabalho, com boa iluminação, bom plano de internet, sem interferências externas e com conforto. A falta de estrutura pode até gerar problemas de saúde.
Porém não são apenas as vantagens que estão sendo observadas nessas experiências. Vamos falar das desvantagens sentidas pelos profissionais:
- Indefinição de horários de trabalho e lazer. É necessário haver planejamento e disciplina para saber separar o momento de se concentrar nas obrigações do trabalho e o momento de curtir com a família. Do contrário o trabalho pode ficar para segundo plano, ou em outros casos o excesso de carga de trabalho comprometer a vida pessoal;
- Isolamento social que leva alguns profissionais entrarem num certo comodismo pessoal, passam excesso de tempo diante do computador e deixando de dar atenção a sua aparência. Muitos ficam com a mesma roupa que dormiu, relaxam com o hábito de praticar exercícios físicos. Não haverá aquela conversa com os amigos do trabalho, a troca de ideias. A falta de relacionamentos interpessoais pode prejudicar a vida profissional e pessoal;
- Interferência de assuntos domésticos. Os eventos que fazem parte da vida doméstica, quando misturados no momento de trabalho, tiram o foco, a concentração.
E para as empresas? Quais as vantagens que o trabalho remoto está trazendo?
- Vantagens econômicas são muitas, vão desde o espaço, instalações, energia elétrica, telefone, internet, despesa com manutenção, café, vale transporte, etc., até o resultado de contar com funcionários mais satisfeito o que eleva a produtividade e diminui o turnover, economizando também com gastos de rescisões;
- Redução de custos com viagens a serviço e para treinamentos, a partir do uso intensivo de recursos de videoconferência. Realização de palestras e grandes eventos corporativos, possibilitando participação dos empregados em diferentes localidade e ainda economizando com o aluguel de espaços;
- Líderes mais próximos e flexíveis conseguindo se adaptar de acordo com as demandas da situação;
- Forma de trabalhar mais ágil e dinâmica.
E as desvantagens apontadas pelas empresas?
- Em vários casos as empresas percebem que alguns funcionários apresentam dificuldade em manter o foco, comprometendo resultados do trabalho;
- Cansaço virtual, percebido no desempenho de alguns funcionários, muitas vezes ocasionado por excesso de reuniões virtuais;
- Falta de acesso mais informal que ocorre em trabalho presencial e favorece a dinâmica da equipe, as famosas “conversas de corredor”;
- Dificuldades com equipamentos, infraestrutura e qualidade no ambiente de trabalho doméstico;
- Perda de integração dos empregados;
- Perda da experiência de convivência no ambiente de trabalho, principalmente para estagiários e jovens aprendizes;
- Maior dificuldade em monitorar o trabalho de funcionários menos experientes.
E as pesquisas mostram que ninguém quer para sempre o trabalho remoto, mas ninguém quer voltar todos os dias como era o costume. Em busca do meio termo, algumas empresas estão criando “hubs de acomodação”. Os hubs de acomodação serão espaços planejados para terem estruturas flexíveis e irão receber parte dos funcionários das empresas quando forem fazer trabalhos presenciais. Devem servir como espaço para estimular a colaboração, desenvolver conhecimento e criação.
Após a pandemia, quando o retorno for seguro, a tendencia é empresas terem esses espaços para as pessoas se encontrarem, fazerem reuniões, conviver com colegas… mas o trabalho rotineiro do dia a dia em grande parte ficará de forma remota.