Esporte: uma poderosa ferramenta de inclusão social

Foto Manoel Silva – Diretor de Operações da love.fútbol
SportsJob
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Notícias, Para Candidatos, Para Recrutadores 01/06/2018

Conversamos com a love.fútbol para entender mais sobre as ONGs
que trabalham investem no esporte como meio de desenvolvimento social

Quantas vezes você já viu a história de uma criança carente que, com o esporte, se transformou em ídolo nacional, defendendo um time ou uma seleção? Casos assim acontecem apenas com a minoria das crianças e adolescentes que tentam a vida como atletas. Por outro lado, o legado que o esporte deixa na vida dessas pessoas, especialmente em comunidades mais carentes, é algo que fica para sempre e que desenvolve crianças e adolescentes para a vida em sociedade.
O esporte como ferramenta de inclusão social ganhou força nas últimas décadas. O senso de ética, convivência social e disciplina que a prática esportiva pode levar às crianças, muitas vezes disfarçado de simples brincadeiras, pode transformar as perspectivas de vida de muitas comunidades.
É por este motivo que tantas ONGs se dedicam a melhorar as perspectivas de crianças e adolescentes em comunidades carentes. E isso vem dando certo. Trabalhar com esportes no terceiro setor é mais uma das possibilidades possíveis dentro do segmento esportivo.
Para entender melhor essa realidade, caso este seja o seu sonho, a SportsJob conversou com o Diretor de Operações da love.fútbol, Manoel Silva. Esta instituição é uma organização não-governamental que mobiliza, engaja e capacita comunidades para que elas planejem, construam e mantenham seus próprios espaços para a prática esportiva. A ONG arrecada recursos para financiar os materiais, fornece orientação técnica e facilita a execução do projeto. Os membros da comunidade contribuem com talentos, ideias, trabalho e outros recursos locais, atuando como parceiros e agentes da mudança em todo o processo.
Confira mais uma entrevista exclusiva da SportsJob!

Qual a sua formação profissional? Desde quando está na love.fútbol?
Me formei em Administração de Negócios e fiz Mestrado em Desenvolvimento Social Internacional. Morei nos Estados Unidos um bom tempo, quase 8 anos e fui para jogar futebol com uma bolsa de estudos. Acabei fazendo a faculdade e o Mestrado por lá. Estou na love.fútbol há 9 anos, completando quase 10.

Nos EUA fiz um grande amigo que fazia viagens todos os anos durante as férias de verão para lugares bem remotos ao lugar do mundo, utilizando o futebol como ferramenta de conhecer as pessoa e quebrar barreiras. Ele ia para comunidades bem isoladas e carentes. Resolvi começar a fazer essas viagens com ele e conheci muitos lugares durante os oito anos em que morei fora. Fomos juntos para Honduras, Haiti, Níger, onde fiquei 3 meses no deserto do Saara. O futebol sempre foi nossa ferramenta para conhecer o mundo e nos relacionar com as comunidades.

Como você acredita que o esporte pode transformar a vida de crianças e jovens?
A gente vê no futebol três pilares que são a base do nosso projeto: a parte emocional, física e social. É uma importante ferramenta de educação também. É um meio que vai muito além de Real Madrid e Barcelona, Champions League e Copa do Mundo, alcançando milhões e milhões de pessoas e sendo uma das principais fontes de alegria ao redor do mundo.

Quais marcas já foram parceiras da love.fútbol?
Algumas importantes marcas já foram nossas patrocinadoras, casos de ESPN, Coca-Cola, Under Armour, Arena Pernambuco, Ambev, Unilever e também o time de futebol do Manchester City. Atualmente desenvolvemos um trabalho de consultoria para a Copa do Mundo do Catar (em 2022).
Temos ainda grupos aliados como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), FIFA, ONU e a Beyond Sports, pela qual ganhamos no último ano o Prêmio de Melhor Iniciativa Corporativa. Também ficamos em segundo lugar em uma competição da Nike e da Ashoka, denominada Transformando Vidas Através do Futebol. Atualmente contamos com parceiros em mais de 60 países para viabilização dos projetos e uso da metodologia em lugares de todo o mundo.

Quais atividades a love.fútbol promove nesses projetos pelo mundo? Após a reforma dos espaços, existe uma programação para manutenção e aproveitamento das quadras?
Um fator que temos notado ser muito forte é a conexão emocional com o espaço. As comunidades são protagonistas do processo, liderando o planejamento, a construção e o pós-projeto, compartilhando a responsabilidade na gestão do espaço após a inauguração. A quadra se torna um símbolo de conquista da comunidade, criando um sentimento de valorização e de identidade. É criado um estatuto para manutenção da quadra, além de grupos de limpeza e da área financeira para arrecadação de contribuições voluntárias que ajudam na preservação do espaço. Os valores são simbólicos e os jogadores de futebol chegam a pagar R$0.25 centavos por partida, totalizando 1 Real por mês. O valor parece pequeno, mas faz a diferença para os custos de manutenção quando somados. Em média as comunidades contribuem com 2.500 horas de trabalho voluntário. Quando se cria essa conexão emocional com o projeto, as chances de o espaço ser mantido e ocupado de forma ativa aumentam muito.

Quais dicas você pode dar para quem gostaria de trabalhar com esporte como ferramenta social?
É importante se especializar em alguma área e se unir a grupos que já atuam no setor. Ao invés de querer fazer tudo sozinho, busque se aprofundar em algo, compartilhar recursos e construir a sua própria rede de relacionamentos.

É possível ser colaborador ou fazer parte dos projetos da love.fútbol?
Sem dúvidas. Colaboradores podem ajudar em mutirões de serviços, pinturas e obras gerais nas quadras. Estamos desenvolvendo algumas campanhas de crowdfunding para colaborar com algumas comunidades específicas, em especial as comunidades rurais que possuem mais dificuldades. Sempre precisamos de apoio em áreas como tradução e produção de fotos e vídeos. Mais informações estão disponíveis no nosso site www.lovefutbolbrasil.org .

Assista ao vídeo e conheça mais sobre a love.fútbol:
https://www.youtube.com/watch?v=GemolAQBxdw

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